A visão esférica
Ter uma visão ampla da realidade é o maior desafio e o requisito prévio para se trabalhar com energias. Normalmente, estamos habituados a ver as coisas através do nosso prisma, do nosso ponto de vista. Isso significa que a visão que temos de algo, é o fruto das nossas experiências e dos pontos de vista individuais. Melhor, pior, igual, ah... já sei o que é! É sempre assim! Outra vez? não!...
Ao agirmos assim, não estamos em posição de sermos neutros e independentes em relação ao nosso objecto de estudo ou ao objecto de relacionamento, nem de reconhecermos a sua beleza, ou sermos capazes de olhar para ele sem qualquer preconceito. Podemos também comparar à observação de um ramo de flores, onde só vemos parte dele mas cremos estar a ver o ramo de flores inteiro. Assim, todos os que o observam têm uma definição própria do mesmo ramo de flores e o ramo de flores revela uma perspectiva diferente de cada direcção.
Para um decorador de interiores isso até pode ser bom, pois pode girar o ramo de flores, de modo a que a parte mais bonita fique bem à vista. Mas para um terapeuta e instrutor, este tipo de visão é o golpe fatal.
Há muitos anos atrás, ao trabalhar com uma paciente, reparei numa fraqueza do sistema. Durante o teste do comprimento dos braços, perguntei-me se tinha terminado o tratamento. A resposta foi „Sim”, embora eu tivesse o sentimento que ainda faltava alguma coisa. Então imaginei que eu era uma mulher e, nesse caso, o teste do comprimento dos braços respondeu-me que o tratamento ainda não tinha terminado. Para mim, isso foi um sinal que devia abandonar o meu ponto de vista individual, para poder obter respostas fiáveis.
Assim, desenvolvi um olhar, no qual não importa se é um homem, uma mulher, uma criança, um europeu, um asiático, um africano ou um homem da lua e, a partir daí, obtive sempre a correspondência certa ao teste. Olho para estas pessoas da mesma maneira, de cima, de baixo, da direita, da esquerda.
A visão esférica é o mais difícil para todos os que trabalham de modo holístico.